terça-feira, abril 17, 2007

Sonic Youth

Para muitos, uma das maiores bandas de rock de todos os tempos. Para outros tantos, que não conseguem se acostumar com suas experimentações latentes, só encontrando algum deleite em sua fase quase-pop (de discos como “Dirty” e “Goo”), uma banda jamais compreendida e palatável. O fato é que, ame-os ou odeie-os, o Sonic Youth é mais do que simplesmente uma banda, é uma instituição e seu trabalho transcende qualquer limite de formato, tempo ou som.

A música do Sonic Youth não pode ser compreendida apenas como “música”. Os termos “experimento” e “arte” devem sempre vir acoplados. É o equivalente musical a uma obra de Picasso, Andy Warhol, Van Gogh, Frank Lloyd Wright, John Cassavetes e demais artistas de diversas vertentes da arte que sempre primaram pelo autoral, pelo passo-a-passo na confecção de suas obras e todo o significado que está por trás. Experimentais e clássicos ao mesmo tempo, todos estes artistas têm um lado pop aflorado e o dosam na medida certa com o ruído.

Toda esta introdução se faz necessária quando o assunto é um novo disco do Sonic Youth, mesmo que este seja uma coletânea de lados B e raridades, como “The Destroyed Room”. Aqui, em nenhum momento, a preocupação com soar palatável falou mais alto. O que importou foi mostrar que a verve criativa da banda é ilimitada e às vezes é até preciso contê-la para mostrar uma obra para o grande público.

Se “The Destroyed Room” fosse apenas um EP com uma única faixa, já seria compreendido, porque esta faixa seria a versão de 26 minutos de “The Diamond Sea” - musica originalmente presente no disco “Washing Machine”, onde foi editada para “apenas” 19 minutos. Mas “The Destroyed Room” ainda tem “Fire Engine Dream” e seus 10 minutos de desconstrução sonora a partir de uma base aparentemente simples, além de belas canções como “Beautiful Plateau” e “Blink” que deixam a dúvida no ar: porque não foram incluídas em algum dos discos da banda?

A resposta a esta pergunta é tão óbvia quanto o trabalho do Sonic Youth. Uma banda que se acostumou a ser chamada de clássica, mas que a todo momento rejeita a mesmice, partindo sempre para caminhos adversos, ganhando respeito de toda a comunidade musical por isto e nos lembrando que arte não pode e não deve ser entendida, apenas sentida.



The Destroyed Room: B-Sides and Rarities
01. Fire Engine Dream 10:22
02. Fauxhemians 4:04
03. Razor Blade 1:08
04. Blink 5:27
05. Campfire 2:20
06. Loop Cat 5:40
07. Kim's Chords 6:02
08. Beautiful Plateau 3:07
09. Three-Part Sectional Love Seat 8:16
10. Queen Anne Chair 4:37
11. The Diamond Sea 25:48